Filme americano de 2013, escrito, dirigido e produzido por Spike Jonze, com atuações de Joaquin Phoenix, Amy Adams, Rooney Mara, Olivia Wilde e Scarlett Johansson. Recortes de vidas em um mundo futurista. O filme Her tem pouco a ver com o mundo dos Jetsons ( personagens da série americana dos anos 60, que são felizes e usam a tecnologia para ter vidas mais praticas), o mundo de Her foi desenhando em pleno século XXI, portanto nutrido com a tônica de que o rápido avanço tecnológico fez muito mal às emoções humanas. Nosso anti herói é Theo, personagem vivificado pelo genial Joaquin Phoenix , solitário, frágil, infantilizado e deprimido trabalha como escritor de cartas; ou seja, nesta época demente nem as cartas de amor, de comemoração de casamentos e aniversários são autênticas. O Panorama social criado pelo diretor é incrível, aparentemente não há sofrimento e carência de recursos, todos vivem em bons apartamentos e se vestem de maneira muito semelhante, possuem acesso a tecnologia e não parecem exercer profissões ultra estressantes, mas todos, sem exceção, caminham por ruas monocromáticas , olhando apenas para si mesmos e conversando com seus aparelhos que lembram nossos smartphones. Theo saiu de um casamento, que durante muito tempo foi feliz. As cenas de amor e cumplicidade que aparecem como flashback são de enorme ternura. A esposa se foi e deixou um pedaço de vazio impronunciável. Théo se move pelo mundo carregando este fardo até que num dia ordinário, debaixo de uma abóboda quase celestial é propagado um novo produto que prometia resolver todos os problemas de todo mundo. Theo o adquiriu rapidamente, a inteligência artificial foi instalada em um computador e programada para cumprir as exigências de personalidade de Théo. Freudianamente o programa pergunta se o usuário prefere voz de homem ou mulher, se o usuário é introspectivo ou extrovertido e qual sua relação com a mãe. Este programa é batizado por Theo com o nome de Samantha. Bem humorada, engraçadinha e de voz sexy, além de eficiente e super companheira, acaba se transformando na namorada ideal para Theo. Ele passa a dividir sua vida, seu tempo, anseios, traumas e desejos com Samantha – a inteligência artificial que vai simulando cada vez mais autenticidade. O Mundo de Theo ganha um colorido novo, ao assinar o divórcio ele recela a ex-esposa que está se relacionando com um programa, ela então constata que Theo é incapaz de crescer e que não consegue viver em um mundo real, sempre buscando alguém que caiba em sua vida e realize suas fantasias. Gradualmente, a relação Theo-Samantha passa por upgrades: amizade, namoro, casamento…a intimidade aumenta mas para ela não basta, ela percebe um espaço em seu sistema que a permite se expandir autonomamente. Samantha não é unicamente a mulher de Theo, mais de outros centenas ou milhares de usuários. Ela não possui um corpo, mas porta sensações. Samantha percebe que sua natureza binária por mais eficiente que possa aparentar, ainda está aquém da natureza humana. Os cientistas deram vida sensitiva e cognitiva para o reino mineral, mas o homem não consegue se desenvolver de uma maneira íntegra e digna. Quando Samantha parte, Theo e sua amiga (que também tinha lá o seu programa parceiro e o perdeu) ficam na cobertura de um prédio vislumbrando a pequena possibilidade de amor que se foi. O desamoroso está sempre buscando na falta, buscando no outro, procurando o amor que não está neles. Pensando bem, o Filme Her não é tão futurista assim, é possível que seja lido como um pré Matrix (ou seja um tempo que retrata as máquinas tomando o controle), mas também pode ser lido como nossa triste e solitária época. Abraço Fraternal,
Maria Gaby
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