O Evangelho Místico de João só pode ser compreendido com a inspiração do coração.
Dos quatro evangelistas, aquele que abre o caminho no interior do coração do estudante Rosacruz é João, o mais íntimo apóstolo de Jesus. O amor profundo estabeleceu um laço espiritual inseparável entre eles e, por isso, João ouviu as batidas do coração do Mestre, quando reclinou-se sobre Seu peito.
João tornou-se conhecido como O Discípulo Amado.
O Evangelho Místico de João só pode ser compreendido com a inspiração do coração.
A função do coração é conservar a vida física e, através do sopro do Espírito, vivificar todo o corpo. No Capítulo XV do Conceito Rosacruz do Cosmos , “Coração uma Anomalia” ( pg 285, nova edição) , Max Heindel explica que, na mesma medida que os princípios altruísticos do amor e da fraternidade inundarem a Alma e ultrapassarem a mera razão, o coração tornar-se-á um músculo voluntário e será, de fato, o centro que pensa e pulsa a Vida. No cap 14 do Evangelho de João, Cristo diz:
Cesse de perturbar o Vosso Coração!
Credes em Deus. Credes também em Mim.
As perturbações da razão só podem ser harmonizadas com a vivência da Fé, intensificada pelo Poder da Vontade. O puro exercício do intelecto é insuficiente para alcançar a Luz da Verdade e do Amor.
Podemos considerar o Evangelho de João como aquele que transmite a Palavra Viva, que torna nova e possíveis todas as coisas e que traz a boa nova da Vida Eterna e da Eternidade do Verbo feito Carne. Os outros três Evangelhos: Mateus, Lucas e Marcos, oferecem ao leitor uma visão única de Jesus como homem inserido no contexto histórico. Narram a Vida do Mestre, desde o nascimento até a ressureição. O Evangelho de João, por sua vez, enfatiza os três anos de Ministério do Cristo encarnado no seio da humanidade.
Por oferecer uma narrativa gnóstica, ressaltando a ideia de Salvador do mundo, a Divindade que se faz homem, o Evangelho de João foi perseguido dentro da Cristandade, sendo considerado herético. No entanto, Origines, o maior erudito da Igreja antiga, costumava dizer que “ninguém pode captar seu sentido, se não reclinar a cabeça sobre o peito de Jesus e não receber de Jesus, Maria por Mãe”. Contudo, este Evangelho foi segregado e destinado somente para os “cristãos fortes”.
João é o teólogo do amor, iniciando seu Evangelho num sobrevoo alto e contemplativo. Retratado com uma Águia ao seu lado, representa o místico signo de Escorpião. Como o verdadeiro representante desta hierarquia, oferece em uma de suas mãos a compreensão da finitude de nossa condição humana, a mortalidade, mas na outra mão a possibilidade de vida eterna. Em suas cartas, nos chama de “filhinhos” e nos convida a santificar nossas vidas. Nutrido de uma misericórdia paternal diz:
“Se pecardes saibam que possuem como advogado junto ao Pai,
Cristo-Jesus”.
Todos os textos de João merecem a dedicação do estudante Rosacruz. Somos convidados a refletir, principalmente, sobre o primeiro capítulo do seu Evangelho. Nele, as escrituras encontram-se abertas dentro de nosso templo, a Alma, porque assim como os “cristãos fortes” da igreja católica, ou os padres do deserto, ou a tradição que deu vida à Filocalia, a leitura atenta e repetitiva pode despertar em nosso coração aquilo que é vivo e Eterno.
No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era DEUS
é harmônico à epístola primeira, capítulo 1 : “O que era desde o princípio, o que vimos, o que ouvimos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam era o VERBO DA VIDA – porque a Vida Manifestou-se, nós a vimos e dela nós damos testemunho” . De forma magnânima, João é destinado a ser aquele que sela as escrituras com seu livro da Revelação, ou Apocalipse.
Mais uma vez, o Escorpião alado, num voo alto de Beleza e Verdade descomunal, pronuncia o que veio dizer desde o princípio:
Diz o Senhor: Eu sou o Alfa e o Ômega,
Aquele que é, Aquele que era e Aquele que será,
o Todo Poderoso.
Que possamos, nós também, sermos um pouco como João, edificadores de Beleza e Verdade, anunciadores do Amor encarnado, promulgadores da Vida Eterna. Enfatizando a necessidade de compreender, sempre com compaixão, a natureza cativa e enferma do homem atual.