Este filme conta com a magnífica Giuseppe Tornatore. Destacamos a exuberância de belas locações e a notável composição psicológica dos personagens. Tornatore preferiu gravar na cinzenta e chuvosa cidade de Londres e fugir dos ares cômicos e leves da Itália, para que a história fosse ambientada em uma perspectiva tipicamente urbana, a cidade importa e muito, várias cenas em espaços públicos tais como restaurantes elegantes, museus e um certo tom esnobe típicas do estereótipo do inglês (sangue azul), no ápice deste viés temos a irretocável e assertiva pronúncia do protagonista Virgil interpretado pelo ator Geoffrey Rush.
Virgil Oldman, eis o nosso personagem principal, sim “Virgem homem velho” ou ainda permita-nos dizer “Virgem-Capricórnio”? – Sim, vamos usar aqui uma pincelada astrológica, não dá pra resistir, já que ele espelha, INCRIVELMENTE, o pior dos arquétipos destes dois signos (confira ou me contradiga você mesmo…). Ele é um homem refinadíssimo e afeito as obras de arte, mas esconde uma personalidade desamorosa e comportamento bastante astuto. Virgil se habituou a se mover pelo mundo real usando só sua persona profissional, e guardando para seu quarto de relíquias a única possibilidade real de vida sentimental.
Enquanto o filme desdobra uma engenhoca, provavelmente um relógio, vai sendo construído (ou restaurado). Virgil tem também um relógio de bolso que marca os anos em que passou usando seus amigos para conquistar seus pequenos mimos pessoais, marca um tempo de perder esta falsa pureza. O que se parece com uma tragédia para o plano físico, talvez seja a única oportunidade do nosso personagem se tornar um herói e poder experienciar além do BELO, a antiga e única amiga – a VERDADE como núpcias com a vida real.